QUEM É SÃO MIGUEL ARCANJO?
A exclamação “Quem como Deus?” É um grito de humildade e de obediência em defesa dos direitos divinos e consta cinco vezes na Sagrada Escritura: Dn 10, 13; 10, 22;12,1, Ap 12,7; Jd 9. Somente na carta de Judas, Miguel é chamado arcanjo, enquanto São Paulo (1 Ts 4, 16) o designa com esse apelativo, sem o seu nome próprio.
A Igreja, desde os tempos antigos, professou a Miguel um culto especial, chegado bem rápido do Oriente ao Ocidente, onde surgiram importantes igrejas e santuários dedicados aos arcanjos. Os mais célebres são o santuário de Monte Santo Ângelo sobre o Gargano e o de Mont-S. Michel-au Péril-de Mer na Normandia. Pio XII proclamou Miguel patrono dos radiologistas.
Várias são as funções atribuídas a Miguel. É chama “turiferário”; “psicagogo”, isto é, guia das almas ao Juízo Divino; “pescador de almas”, por isso vem frequentemente representado por uma balança na mão. Mas a missão principal do arcanjo é aquela de protetor da Igreja e defensor da cristandade.
Recordou-nos ainda, não faz muito tempo, João Paulo II, peregrino ao Santuário de São Miguel no Gargano: “Estou feliz de encontrar-me entre vocês, à sombra deste santuário de São Miguel Arcanjo, que há quinze séculos é a meta de peregrinação … Neste lugar, como já fizeram no passado tantos do meus predecessores na cátedra de Pedro, eu também vim para venerar e invocar o Arcanjo Miguel, para que proteja e defenda a Santa Igreja num momento em que é difícil professar um autêntico testemunho cristão com compromissos e sem acomodações.
Viva e nunca interrompida a visita de peregrinos ilustres e humildes que, da alta Idade Média até os nossos dias, fez deste santuário um lugar de encontro de orações e de reafirmação da fé cristã.” João Paulo II também disse o quanto a figura do Arcanjo, que é protagonista em tantas páginas do Antigo e do Novo Testamento, deve ser sentida e invocada pelo povo e quanto a Igreja tem a necessidade da sua celeste proteção: dele, que vem representado na Bíblia como o grande lutador contra o Dragão, o chefe dos demônios na dramática descrição do Apocalipse: a história da queda do primeiro anjo, que foi seduzido pela ambição de se tomar como Deus. Daí a reação do Arcanjo Miguel de reivindicar a unidade de Deus e sua inviolabilidade.
Embora fragmentárias, as notícias da revelação sobre a personalidade e o papel de Miguel são muito eloquentes. Ele é o arcanjo que reivindica os direitos inalienáveis de Deus. É um dos príncipes do Céu, o protetor de Israel, de onde sairá o Salvador. Agora o novo povo de Deus é a Igreja. Eis a razão pela qual essa o considera como seu próprio sustentador em todas as suas lutas para a defesa e a difusão do Reino de Deus sobre a Terra. É verdade que “as portas do inferno não prevalecerão”, segundo a afirmação do Senhor (Mt 16,18), mas isso não significa que esteja isenta das provas e das batalhas contra as investidas do maligno. Nessa luta, o Arcanjo Miguel está ao lado da Igreja, para defendê-la contra todas as iniquidades do século; para ajudar os fiéis a resistir ao diabo que, como leão a rugir, procura a quem devorar. A essa luta nos reporta a figura do Arcanjo Miguel, a quem a Igreja, seja no Oriente quanto no Ocidente, nunca cessou de tributar um culto especial.
Todos recordam a prece que, anos atrás, se rezava ao final da Santa Missa: Sancte Michael Arcangele defende nos in proelio; “daqui a pouco, a repetirei em nome de toda a Igreja”.
As aparições de Miguel tiveram um papel importante na vida e na singular missão de Santa Joana D’Arc, a Virgem de Orleans, a libertadora da França da invasão inglesa, que assim testemunhou diante dos juízes no processo movido contra ela: “foi Miguel quem vi diante dos meus olhos e não estava só, mas acompanhado por anjos do Céu. Eu os vi com os olhos físicos tão bem corno vejo vocês. E, quando me deixaram, chorei e teria gostado que me levassem com eles”.
São Francisco de Assis, nos informa Tomás de Celano, repetia frequentemente que se deve honrar em modo mais solene o Beato Miguel, porque é responsável pela apresentação das almas a Deus. Por isso, em honra de São Miguel, entre a festa da Assunção e a sua, jejuava com a máxima devoção quarenta dias. E dizia: “cada um, para a honra do tão glorioso príncipe, deveria oferecer a Deus uma homenagem de louvor ou qualquer outro presente particular”.
(textos originais extraídos do LIVRO DEVOCIONÁRIO A SÃO MIGUEL ARCANJO – Editora Canção Nova)
São Miguel Arcanjo
Deus exalta os humildes e resiste aos soberbos, dizem as Escrituras Santas. Quer no Antigo Testamento, quer no Novo, São Miguel foi sempre muito amado e venerado pelo povo de Deus. O Senhor o constituiu guarda e protetor da nação israelita, como se lê no profeta Daniel: “Surgirá Miguel, o grande chefe, o protetor dos filhos do seu povo” (Dn 12,1).
E quando da tomada da cidade de Jericó, São Miguel aparece a Josué e lhe diz: “Eu sou o chefe dos exércitos do Senhor.” Caindo Josué por terra, exclama: “Que manda o Senhor ao seu servo?” Retorquiu-lhe o Arcanjo: “Tira o calçado de seus pés, porque o lugar que te encontras é santo” (cf. Js 5, 14-16).
E ao falar dos séculos futuros e sobretudo do que há de acontecer perto do Juízo final, o anjo enviado por Deus ao profeta Daniel diz-lhe estas palavras: “Naquele tempo surgirá Miguel, o grande príncipe que protege os filhos do teu povo. Será esse um período de angústia tal, que não terá havido outro semelhante desde que existem nações até aquele tempo. Ora, dentre a população do teu povo, serão salvos todos os que se encontrarem inscritos no livro da vida eterna” (Dn 12).
As intervenções de São Miguel em favor do povo de Deus, no Antigo e no Novo Testamento, motivaram da parte da Igreja, desde o princípio, uma especial veneração por esse arcanjo que ela sempre considerou e honrou com um culto especial, como guarda e protetor da família divina no seu peregrinar por este mundo até a casa do Pai. Em documentos oficiais dos Sumos Pontífices e de modo especial no culto litúrgico, Miguel é honrado como protetor e guarda da Igreja e como padroeiro dos agonizantes; também é ele quem leva as almas dos que deixam este mundo ao trono de Deus para o julgamento. A Igreja, de que ele é o protetor e guarda, a família divina, que somos nós, os cristãos, invocam-no como advogado de defesa na vida e na hora da morte.